Não sou propriamente uma fã de rodízios de carnes. O ambiente quase sempre barulhento me incomoda. O serviço sufocante me desagrada. A onipresença de espetos quase ameaçadores mal deixa espaço pra que se consiga refletir sobre o que se quer comer. Mas confesso que a elogiada e premiada Fogo de Chão me despertava curiosidade. Uma ponta de vontade de conferir se era realmente superior à média. Não a ponto de me fazer entrar, mesmo já tendo cruzado meu caminho algumas vezes em cidades como Salvador e São Paulo. Mas, com a abertura de uma filial no meu quintal, resolvi ir conferir. Até porque o fato de a sucursal carioca estar debruçada sobre a Baía de Guanabara já lhe dá uma considerável vantagem sobre as demais. Esperei a casa completar mais de um mês de vida e, dias atrás, finalmente, fui ver o que é que a Fogo de Chão tem. Saí sem resposta.
O salão amplo, iluminado, emoldurado pela baía, pontuado pelo colorido dos barcos e pela silhueta do Pão de Açúcar é de tirar a concentração.
O ruído nos traz de volta e lembra que estamos em uma churrascaria. O entediante bufê de saladas e frios sela a lembrança. Até aí, tudo dentro do script. A primeira surpresa me veio com a travessa que ostentava os tomates mais pálidos e feios que vi num restaurante nos últimos tempos. Em seguida, o tabule com pepinos, cebolas e tomates cortados grosseiramente também me fez duvidar do padrão que se costuma atribuir à casa. Entre os acompanhamentos quentes, nada digno de nota. Às carnes, que são, afinal, o que importa ali, restava o peso de fazer justiça à fama da rede...
A fraldinha chegou passada demais. Pedi mal passada, ficaram de trazer. Enquanto isso, chegou um bife ancho, nem tão passado, mas ainda longe do ideal. Refiz a observação ao garçom. Na sequência, uma costeleta de cordeiro que desafiava o fio da faca e minha habilidade em manejá-la. Quanto à linguiça que aterrissou no prato logo em seguida, não é que não fosse um colosso; era ruim mesmo. A picanha, suculenta e saborosa, fazia acreditar que nem tudo estava perdido. Mas eis que surge uma costela de porco absurdamente seca, a colocar nossas expectativas no devido lugar. A última tentativa, com o shoulder steak, não foi mais bem sucedida. Quando eu já havia desistido, o garçom com quem, lá no início, comentei sobre o ponto da carne, me trouxe novos bife ancho e fraldinha. O primeiro, agora no ponto, talvez tenha sido o melhor do almoço. Já a fraldinha... Achei melhor esquecer.
Como jamais estive em outra unidade da Fogo de Chão, não posso dizer se o problema é pontual ou se a rede, realmente, não faz jus aos elogios que costuma receber. E como não pretendo me brindar com nova visita a nenhuma de suas sucursais num futuro próximo, provavelmente, vou continuar sem saber. O que posso concluir é que, na filial carioca, ao menos por ora, só o que se salva é o cenário.
Fogo de Chão – Av. Repórter Nestor Moreira s/n – Botafogo
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