Olhando a fachada do restaurante na foto acima, você se animaria a entrar? Talvez, desavisada, eu também não entrasse. Mas cheguei ao número 92 da rue du Faubourg-Poissonnière sabendo bem aonde ia. O Abri foi um dos endereços mais festejados na rentrée parisiense em 2012. Não sei se é pra tanto, só o tempo dirá. Mas há bons motivos pra ir conferir o falatório. Seja o excelente custo-benefício do almoço em cartaz de terça a sexta-feira – 22 euros por duas entradas, prato e sobremesa. Seja a aula de eficiência dada pelo chef japonês Katsuaki Okiyama, no comando da minúscula cozinha encravada entre as mesas, onde conta com apenas mais uma pessoa nos fogões. Seja, enfim, o fato de a casa ter um mil-folhas que está entre as melhores sobremesas que já experimentei em Paris.
O menu começou com um delicado carpaccio de robalo, com ervas, framboesa, beterraba e julienne de repolho roxo.
Em seguida, bom creme de abóbora com emulsão de lardo defumado.
A vitela, soberba, ponto perfeito, era uma manteiga. Chegou à mesa na econômica companhia de uma solitária batata, repolho roxo e deliciosa emulsão de cebola.
O clímax ficou por conta do já famoso mil-folhas da casa (dei sorte, as sobremesas mudam sempre), uma espécie de versão alta costura do clássico francês. Massa folhada dourada e crocante, recheada com creme de confeiteiro de sutileza ímpar e lâminas de maçã. E uma quenelle de impecável sorvete de baunilha a lembrar que a coisa podia ficar ainda melhor. Por ele, voltaria algumas vezes ao Abri.
Abri – 92 rue du Faubourg-Poissonnière – 10ème