Levei um tempo pra publicar essas linhas sobre o Chef Vivi. Estive lá em março, mas, até então, não tinha encontrado o tom pra dizer o que tinha a dizer. Só agora as palavras vieram.
Quando soube da abertura do restaurante, confesso que impliquei com o nome. Continuo achando ruim, mas o que li e ouvi em seguida à inauguração, não só diminuiu minha cisma, como me gerou grande expectativa a respeito do trabalho de Viviane Gonçalves, vista por muitos, já nas primeiras semanas de vida da casa, como uma das grandes recentes revelações na cena gastronômica paulistana.
Saí do meu almoço no Chef Vivi com a impressão de que houve algum exagero no prognóstico. E me perguntando se o fenômeno dos blogs de gastronomia – e seus desdobramentos nas redes sociais – não pode, de certa forma, tornar mais difícil a vida de chefs e restaurateurs no momento da abertura de um novo estabelecimento. Antes mesmo de o sujeito dizer a que veio, enquanto ainda está encontrando o tom, já há dezenas de pessoas dizendo por ele (fique claro que não me excluo disso, afinal, estamos, todos, sujeitos a traduções precipitadas ou desmedidas; cedo ou tarde, acontece). Filosofices à parte, o fato é que cheguei esperando encontrar um restaurante e encontrei outro. E creio que o descompasso se deveu muito mais à inadequação da minha expectativa do que propriamente ao que comi por lá.
Os pães eram corretos, não chegavam a ser bons. Já as saladas da entrada eram impecáveis. Vegetais frescos e crocantes, valorizados em suas texturas, sem o excesso de longos cozimentos. Foi o que vi tanto nos aspargos com purê de manga e folhas orgânicas como nas fitas de abobrinhas com cenouras salteadas e endívias, estas últimas, um absurdo de boas.
Muito saboroso o frango grelhado com abóbora japonesa assada e cebola caramelizada, embora me parecesse que o prato podia ter um tantinho menos de gordura...
As sobremesas se resumiam a salada de frutas, sorvete ou bolo de passas. Fomos nas duas primeiras. A salada de frutas era colorida, perfumada, linda, mas, ainda assim, não mais que uma salada de frutas. Entre os sorvetes – que, à época, não eram feitos na casa –, o de jabuticaba era o melhor deles.
Foi um bom almoço. A considerar a faixa de preço (o menu de 3 cursos nos custou cerca de 40 reais), o bom tornou-se ótimo. É raro, raríssimo encontrar comida fresca, bonita e bem executada a preços tão convidativos. Morasse eu na Vila Madalena, provavelmente, almoçaria lá toda semana. Mas, saindo do Rio de Janeiro, com poucas refeições a fazer em São Paulo e precisando escolher onde comer, não tenho certeza se a visita se justifica... Não foi um almoço especial. A questão é que não me parece mesmo que a casa tenha essa ambição. Talvez o Chef Vivi não queira enlevar, queira apenas fazer comida simples, boa e fresca – e isso já é coisa à beça. Eu esperava algo especial? Sim. Em quem estava o erro, em mim ou no restaurante? São grandes as chances de que estivesse em mim.
Chef Vivi – Rua Girassol, 833 - Vila Madalena
http://www.chefvivi.com.br
As atualizações do blog também estão no meu twitter.