Fazia pouco mais de uma hora que havíamos deixado Belo Horizonte. A caminho de Inhotim, parada providencial num povoado batizado Córrego do Feijão. A fachada do restaurante na praça central anunciava: “comida e estilo da roça”. Estávamos no lugar certo.
Diante do fogão a lenha, um verdadeiro banquete: pernil de porco pururuca, ensopado de língua de boi com linguiça, galinha caipira, cozido de costela e maçã de peito com milho, tutu, angu de fubá de moinho d'água, aipim, jiló, quiabo refogado.
O dono do restaurante, que nos recebe como em sua própria sala, pergunta se queremos ovos caipiras fritos e folhas refogadas (couve, mostarda, ora-pro-nóbis). Sim, queríamos tudo. Não renunciaríamos a nenhum daqueles pratos, que tinham jeito e gosto de casa, inclusive em suas eventuais imperfeições.
Acomodada à sombra de uma jabuticabeira, sob os olhares dos cães e de olho nas redes que convidavam à sesta, eu me dava conta de que o que se serve ali é mais que comida. É acolhimento, conforto, memória. Um lugar que nos desperta sensação oposta àquela que Nina Horta descreve com tanta clareza na crônica Exílio: “E tem uma hora em que você está distraído, jantando num restaurante caro, e sente aquele ‘não pertencer’ no ar. (...) e você pensa: ‘O que estou fazendo aqui, jantando vieiras com aspargos sob um lustre de cristal preto?’. Não sou eu, com certeza.”
O Casa Velha é o tipo de restaurante que nos ajuda a não esquecer quem somos.
Casa Velha – www.casavelhacorregodofeijao.com.br