No meio do caminho havia uma venda

Maio 2011

Foi numa tarde de céu chumbo, muito frio e chuva incessante que a venda de Heloisa Bacellar cruzou o meu caminho. Dessas tardes que despertam na gente vontade de bolo com café. O Lá da Venda, que há tanto tempo eu queria conhecer, veio no momento certo. E na exata medida da minha vontade. Não se trata de apenas mais um estabelecimento entre tantos, mas de um lugar habitado, vivo, cheio de calor humano. O tipo de lugar que um dia como aquele pedia.

É possível passar horas ali dentro, xeretando cada canto, cada prateleira daquela deliciosa e colorida bagunça onde se encontram desde panos de prato até bolas de gude, passando por xales, aventais, cestos, canequinhas de ágata, panelas, cerâmicas e todo tipo de encantadoras bugigangas. Inclusive toda sorte de coisas de que, a rigor, não precisamos, mas que despertam uma vontade danada de levar pra casa.

Eis que surge um balcão repleto de bolos, tortas, doces, biscoitos e mil outras coisas a tirar do sério qualquer um. Onde mais ainda se encontra maria-mole, bicho de pé e bolo de nada? Aliás, quem é que ainda fala “bolo de nada”? Não há mais muito disso nos lugares que o asfalto e o concreto alcançam... Enfim, como a chuva invadia a varanda e a falta de luz natural não convidava a sentar no quintal, estacionei ali mesmo naquela beleza de balcão, para onde todas as luzes pareciam se voltar.

Cheguei tarde pro cardápio de almoço, portanto não posso me pronunciar sobre a comida da casa. De toda forma, não era o que eu queria. Minha fome, como eu disse, era de um café cercado daquilo que os mineiros chamam de quitandas (êta palavra bonita essa). Comecei pelo famoso pão de queijo feito com queijo da serra da Canastra. Tinha casquinha crocante e era muito saboroso, mas achei a massa um tanto pesada. Na sequência, não tive escolha. Bem a meu lado, havia um bolo de fubá com goiabada que me tirava a paz. Uma joia. Bolo fofo, delicioso, que ficava ainda melhor quando o garfo acertava um dos cremosos nacos de goiabada. O café vinha acompanhado de uma balinha de coco com raspas de limão que é das melhores que já comi. Ainda levei pra viagem gostosos cookies e sequilhos. Mas confesso que me arrependo até agora de não ter trazido comigo um pacotinho das tais balas de coco...

O perigo ali é ceder à tentação de comer mais do que se deve e comprar mais do que se pode. Ao menos comigo foi exatamente o que aconteceu...

 

Lá da Venda – Rua Harmonia, 161 – Vila Madalena – São Paulo
www.ladavenda.com.br/
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