Há duas coisas sem as quais não sinto que estou em Belém: uma visita ao Ver-o-Peso e o primeiro sorvete de açaí na sorveteria Cairu, de preferência, na filial da Estação das Docas.
Como já disse aqui antes, num primeiro momento, o Ver-o-Peso pode causar espanto pela sujeira e pelo descuido. Mas mais espanto causa pelas maravilhas que há ali. Não é difícil entender o porquê de, apesar de toda a desordem, chefs brasileiros e estrangeiros se encantarem com aquele lugar. Há algo muito brasileiro naquilo tudo, no pior e no melhor sentido. Desde a bagunça que impera até a natureza de beleza acachapante que emoldura o mercado, passando pela arquitetura do entorno e pelo jeito da gente que trabalha ali. Se tenho razão não sei, mas não concebo Belém sem aquele mercado.
Aproveito pra fazer meu estoque de farinha, paro pra beber um suco de frente pro rio – lamentavelmente, quase sempre de polpas congeladas – e tento aprender os nomes de mais algumas frutas que não conheça. Dessa vez, descobri ingá, buriti e bacaba na famosa banca da dona Carmelita, onde já havia estado ano passado.
A sorveteria Cairu, fabricante dos mais deliciosos sorvetes de frutas do país, é outro programa fundamental na minha chegada. Sigo um ritual. O primeiro e o último sorvete da viagem – e há sempre muitos deles, ainda que a viagem seja curta –, hão de ser de açaí (puro ou com farinha de tapioca). Entre um e outro, sigo provando novos sabores e revisitando alguns já familiares. Tapioca, castanha do Pará e bacuri são obrigatórios. Entre os ainda desconhecidos, me aventurei agora pelo de bacaba, cujo gosto me fez lembrar castanhas portuguesas...
São duas facetas de Belém que eu não dispenso. Enquanto não faço uma coisa ou outra, é como se não estivesse lá.
Mercado Ver-o-Peso – Boluverd Castilhos França S/N
Sorveteria Cairu - Boulevard Castilhos França, 707 - Estação das Docas. Outros endereços no site: http://www.sorveteriacairu.com.br/