Fazia tempo que queria conhecer o Chou. O cardápio – particularmente, as entradas, pouco óbvias, que exploram quase exclusivamente vegetais – e o uso da lenha na cozinha me despertaram o desejo de conhecer a casa desde a inauguração. Embora muita gente não conheça o restaurante, algumas opiniões de fontes bastante confiáveis reforçaram meu desejo. Por que é que muita gente não conhece? Bem, o Chou não tem chef famoso nem filas enormes na porta. Mas posso adiantar que é melhor que muito restaurante da moda em São Paulo. Sem fazer alarde.
Estive lá ao fim de um dia extenuante. Comida intelectualizada era tudo de que eu não precisava naquela noite. Só queria arrastar meu corpo até um lugar onde pudesse alimentá-lo sem maiores pretensões, mas, claro, com alguma dose de prazer e conforto – e por conforto, entenda-se não o bem estar material, mas o consolo da alma. Pois ali encontrei mais do que eu esperava.
Já fui sabendo que se me perguntassem se queria sentar na parte interna ou externa não deveria titubear. Esqueça a parte interna da casa. O Chou é um restaurante que acontece em torno de um quintal. Não um quintal qualquer, mas daqueles que eu gostaria de ter na minha casa, se morasse em uma. Plantas por todo lado, lindas árvores, lâmpadas penduradas sobre nossas cabeças, mantas empilhadas em caixotes pra socorrer desavisados em dias frios. E música, boa música. Excelente música. Ao acomodar meu cansaço naquele quintal e ouvir a voz de Billie Holiday, senti que estava no lugar certo.
Quando o gostoso pão caseiro – acompanhado de azeite e um ótimo mix de especiarias – aterrissou em minha mesa embalado pela irresistível rouquidão de Louis Armstrong, não tive dúvida. Podia passar a noite inteira à base disso: pão, azeite, especiarias e Armstrong. E estaria suficientemente feliz.
Mas segui com algumas entradas, que, insisto, me pareceram a parte mais atraente do cardápio. Quase tudo muito bom. Da doçura das cebolas assadas com creme fresco e Saint Agur às macias abóboras assadas com gergelim negro e coentro, passando pela sardinha fresca na brasa e as deliciosas pimentas cambuci queimadas no fogo com queijo Manchego.
O arroz tres leches, um arroz doce cremoso coroado com uma colher de doce de leite, garantiu um belo desfecho pro meu jantar. Não vou dizer que foi o melhor que já comi. Mas precisava ser?
Chou – Rua Mateus Grou 345 – Pinheiros – São Paulo
http://chou.com.br/
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