Notas sobre a minha Páscoa

Abril 2011

Sábado foi dia de degustação de chocolates na minha casa. Montei um pequeno estoque de Páscoa, sem a pretensão de esgotar o que há de melhor no mercado, mas apenas a de reunir o que cruzou meu caminho nos últimos dias e, de alguma forma, me atraiu. Chamei os amigos pra compartilhar, o que, confesso, tornou a matemática da noite mais interessante: multiplica-se o prazer; dividem-se as calorias.

Começamos com o Trio Fabergé da Boutique Aquim. Dispostos como joias na embalagem, como, aliás, os Aquim fazem com tudo o que produzem. Bom gosto é a marca da família. Mas voltando ao trio, os sabores eram: chocolate branco com frutas secas, chocolate ao leite com praliné de avelãs e chocolate intenso com caramelo de cacau. O último, pra mim, o melhor deles. Quanto aos outros dois, não achei propriamente especiais.

Em seguida, os ovinhos recheados de caramelo com flor de sal da Cacau Noir. Estão lá as curvas do calçadão de Copacabana que também estampam os bombons de mesmo sabor, que já são um clássico da loja e, particularmente, os meus favoritos. Achei o caramelo dos ovinhos um tanto mais salgado que o dos bombons em que se inspiraram, mas, ainda assim, muito bons.

Prosseguimos com a caixinha de pralinés e ganaches do Eça. Pra quem não sabe, Frédéric de Maeyer, além de chef talentoso, é um pâtissier de mão cheia. As sobremesas do restaurante não deixam dúvida disso. Quem ousa ir além delas e ainda trazer pra casa uma caixinha dos seus chocolates – como sempre faço –, descobre mais uma aptidão de Frédéric, a de chocolatier. Embora me pareça que as ganaches deveriam levar um tantinho menos de creme e mais de chocolate, elas são delicadas, perfumadas, com os sabores dos recheios sempre equilibrados. A de especiarias, com nota pronunciada de canela, é uma das minhas favoritas.

Enfim, chegamos aos dois ovos que lideraram as preferências. Um deles foi uma delicadeza da minha amiga confeiteira e chocolateira Lena Gasparetto, que teve e generosidade de fazê-lo especialmente pra mim e mandar de São Paulo pro Rio. O gesto em si já seria um belo presente. Mas o prazer foi além dele. Ao se quebrar, o ovo de chocolate amargo derramava dramaticamente doses generosas de caramelo salgado – confeccionado artesanalmente pela própria Lena. A cena era o suficiente pra que todos se inquietassem nas cadeiras. A disputa pelos nacos do ovo não chegou a perder o tom amistoso – afinal, éramos todos civilizados –, mas, ao devorá-los, a etiqueta ficou de lado. Sou da opinião de que quem come caramelo e não se lambuza é porque não tirou dele o proveito que deveria. 

Finalmente, uma pequena maravilha de autoria de Christian Mattos, da Les Amants du Chocolat. O ovo Gianduia Croquant tem casca de chocolate amargo com granulado amargo belga e recheio de gianduia com pailleté feuilletine (uma espécie de crocante de crêpes dentelles, biscoito francês pelo qual tenho verdadeira paixão). 

Depois disso, dou minha Páscoa por encerrada antes mesmo que ela se inicie no calendário oficial. 

 

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