Já falei sobre o Attimo aqui algumas vezes. Não vou me estender em considerações sobre o elogiável conceito do restaurante, assunto ao qual já dediquei extensas linhas nesse blog. Também não vou me alongar sobre o descompasso que sinto entre o caráter da cozinha de Jefferson Rueda e o ambiente de sua nova casa. Apesar de tal descompasso e do fato de o serviço continuar tão confuso quanto em seus primeiros meses de vida, a grande admiração que tenho pelo trabalho que o chef realiza ali me leva sempre de volta.
Na última vez em que estive lá, experimentei o "Zécutivo", em cartaz de segunda a sexta-feira no horário de almoço. Por R$49,00, inclui couvert, entrada, principal e sobremesa. Diferentemente de tantos restaurantes que negligenciam a fórmula de almoço – e, às vezes, fazem dela um verdadeiro engodo –, o executivo do Attimo entrega qualidade e se revela uma das melhores relações custo-benefício em São Paulo.
O único senão da refeição foram os pães do couvert, que não me pareceram muito frescos. Tudo mais estava irrepreensível.
A entrada aliava polenta cremosa, linguiça caseira e ovo frito.
Em seguida, soberbo músculo com tutano. Carne saborosa, textura perfeita, molho intenso. Um naco de tutano deixava tudo ainda melhor.
O acompanhamento da carne não me pareceu merecer menos aplausos. Poderia ser apenas um excelente purê de batata doce roxa – o que já é muito. Mas, pra mim, foi mais que isso. Batata roxa é uma das mais remotas lembranças de sabor que me tenha encantado, lá pelos cinco, seis anos de idade. O delicado purê do Attimo me fez viajar na memória e me rendeu um momento como o que vive o personagem Anton Ego no filme Ratatouille. Só isso já teria valido a refeição.
Estava feliz. E me permiti arruinar a matemática do meu almoço. Tenho especial apreço pela última etapa das refeições, e a sobremesa do dia (manga e sorbet de manga) não me pareceu tão interessante quanto outras do cardápio. Decidi, então, pedir à parte.
Um impecável sorvete de leite de coco acompanhado de doce de abóbora – leve, sem exagero no açúcar, dos melhores que já comi. Finalizada com sementes de abóbora tostadas e um tantinho de azeite, eis uma bela expressão do trabalho da pâtissière Saiko Izawa, que é um dos bons motivos pra voltar sempre ao Attimo.
Attimo – Rua Diogo Jácome 341 – Vila Nova Conceição
http://www.attimorestaurante.com.br/