Fasano: o peso da expectativa

Janeiro 2010

O restaurante Fasano é daqueles que povoam o imaginário de qualquer pessoa como o ideal de excelência que se espera presenciar em torno de uma mesa. É lugar de grandes expectativas. Vai-se esperando encontrar a perfeição, ainda que se saiba que perfeição é meta irrealizável.

Portanto, se um jantar num dos restaurantes mais respeitáveis do Brasil transcorre um ponto que seja abaixo dessa expectativa, a decepção é maior do que seria em qualquer outro lugar. E não se pode ignorar o fato de que, além de tudo, decepcionar-se no Fasano custa, provavelmente, mais caro que decepcionar-se na maioria dos restaurantes do país. No meu caso, foi o que aconteceu. Mas vamos por partes.

É inegável que se trata de um dos nossos mais elegantes restaurantes, se não o mais elegante. O serviço é cortês, discreto, eficiente. Exatamente como se espera que seja num lugar como esse.

 

Começamos com os pães e grissinis do couvert. Logo em seguida, porcini frescos, apenas refogados em azeite e ervas. Leves e perfumados, sugeriam uma noite promissora.

Contrariando o prognóstico, os gnocchi recheados com ragu de ossobuco, vieram salgados demais. E confesso que o maior problema não foi o excesso de sal, mas a memória dos deliciosos gnocchi que comi no BottaGallo na noite anterior...

Na sequência, mais um deslize: o peixe de um dos companheiros de mesa passou do ponto de cozimento. E ainda lhe faltava sabor. Resultado: mais da metade ficou no prato.

Já a costeleta de vitela à milanesa, esta sim, estava soberba.

Na comissão de frente das sobremesas, um sorbet de figo nada especial.

O delicado tiramisù foi, na minha opinião, a melhor das sobremesas. O mil-folhas tinha ótima massa, crocante, dourada, mas o recheio me pareceu muito artificial. Longe de figurar entre os melhores exemplares que já experimentei.

As mignardises também não iriam pra minha lista das melhores.

Saí de lá me questionando se não se come melhor - e mais barato no próprio Gero -, como já me havia advertido um sábio amigo na noite anterior...

Alguém poderá reputar injusto o rigor com que avalio esse jantar. Poderá argumentar que os grandes também erram. Mas eu me pergunto: será que um restaurante que tem tamanha reputação e que cobra tão caro por ela (à exceção das entradas e das massas, não há um prato sequer que custe menos de R$99,00), não perde o direito de errar?

 

Fasano - Rua Vittorio Fasano 88 - Jardins
www.fasano.com.br

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