De volta ao BottaGallo: em nome do Uovo Guido

Agosto 2011

Prato bom é prato que faz a gente querer voltar pra comer de novo. Me dá uma baita felicidade quando isso acontece: sair de um lugar já com vontade de voltar. Com o BottaGallo foi assim. Estive na casa no ano passado, no mês de inauguração. Uma noite memorável, que reuniu à mesa duas das melhores coisas da vida: bom papo e boa comida. Voltaria ali por vários dos pratos que experimentei naquela ocasião. Mas por um deles eu – mais do que querer – precisava voltar.

Começamos com a scarpetta, que oficializa o delicioso hábito de mergulhar pontas de pão no que resta de molho num prato. O tipo da coisa que a gente faz meio escondido em restaurantes que se levam a sério demais. Pois ali, é só escolher o molho, que chega com pães e torradas, num prato cuja intenção é exatamente essa. Escolhi o sugo verace, que estava ótimo. Mas confesso que cheguei à conclusão de que fazer escondido é mais gostoso...

Seguimos com o plin no guardanapo, que traz os agnolotti caseiros sem molho, protegidos num guardanapo, pra beliscar. O guardanapo estava em falta, mas os agnolotti estavam lá, sublimes: massa delicada, recheio (que mistura diferentes tipos de carne) extremamente saboroso.

Os bolinhos de risotto eram de tirar o chapéu: sequíssimos e crocantes. Fritura perfeita.

Os gnocchi dourados com ricotta e rúcula figuravam entre as vítimas do meu desejo de revisita. Vieram bons, mas não tão bons como os da primeira vez (o peso da primeira vez...). Menos saborosos, talvez. Selados com menos esmero?

Já o Uovo Guido, o tal que me fazia lembrar, de tempos em tempos, que era preciso voltar ao BottaGallo, esse continuava exatamente como me sugeria a memória. Talvez até melhor. Empanado com delicadeza, chega acomodado sobre creme de trufas. Ao se romper, derrama a gema mole, a molhar as asas de crostini. Pão, ovo, trufa: um dos maiores prazeres que se pode ter à mesa. E, pelo menos na minha mesa, haja ou não haja trufas no prato, se houver um ovo como aquele, há de ser sempre ele a estrela.

Pra encerrar, pannacotta, que ali é coisa séria. Feita com creme gordo, um veludo. Não veio solitária como da última vez, mas acompanhada de um molho de frutas vermelhas e outro de maracujá. Dispensei e fiquei só com ela. Não era preciso mais.

A pannacotta me bastaria. Mas queria experimentar a torta de limão brulê. Se pensou naquela orgia de leite condensado e merengue, esqueça. A torta de limão do BottaGallo passa longe disso. Amarelíssima, é daquelas que quase não se consegue encontrar por aqui. Sem excessos, permite que o perfume da fruta brilhe, em vez de desaparecer num mar de açúcar. Ganhei mais um motivo pra voltar.

 

BottaGallo – Rua Jesuíno Arruda 520 – Itaim Bibi
http:/bottagallo.com.br/
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