Casa Mathilde: pra ver a cidade

Outubro 2014

Casa Mathilde São Paulo

Fazia tempo que eu queria visitar a Casa Mathilde, doçaria portuguesa inaugurada no centro velho de São Paulo no ano passado. O desejo era alimentado por meu apreço pelos doces portugueses, mas também pelo fato de estar a loja numa região que há muito eu tinha vontade de conhecer.  Sou fascinada por centros antigos de cidades grandes. Mesmo quando decadentes, costumam guardar uma elegância que quase sempre se perde no crescimento desenfreado das selvas de concreto. Em São Paulo não é diferente.

A praça onde está instalada a confeitaria é pura poesia urbana. O relógio, as bancas à moda antiga, o soberbo edifício Martinelli, tudo isso está ao alcance dos olhos de quem se acomoda numa das mesas do segundo andar, diante de suas paredes envidraçadas. Foi exatamente onde me acomodei.

Casa Mathilde São Paulo

Casa Mathilde São Paulo

Casa Mathilde São Paulo

Com os olhos colados na janela, imaginando como teria sido aquele lugar décadas atrás, volta e meia eu me permitia desviar a atenção em direção ao cardápio. A cada pedido, ia percebendo que nem tudo o que sai dos fornos da casa é igualmente bom – impressão que uma breve espiada em suas vitrines já me havia antecipado. As empadas, por exemplo, não me entusiasmaram. Nem poderiam, afinal, chegaram frias à mesa. O jesuíta (que tinha a massa folhada um tanto murcha, recheada com inexpressivo creme de ovos) não revelava a mesma delicadeza dos doces que eu experimentaria a seguir e também na visita seguinte – aproveitando que passava a semana no centro da cidade, reincidi dois dias depois.

O recheio dos pastéis de nata não me pareceu semelhante ao dos autênticos pastéis de Belém. Ainda assim, estavam frescos (massa sequinha e crocante) e muito gostosos nas duas visitas. Quentinhos, logo que saem do forno, são um alento pra quem tem um oceano a vencer se quiser ir ao encontro dos originais.

Casa Mathilde

Casa Mathilde

O pastel de Santa Clara tinha massa delicada e ótimo recheio.

Casa Mathilde

As queijadas da Mathilde, de interior úmido sob a crosta dourada, eram deliciosas. Não resisti, pedi mais um par delas pra viagem.

Casa Mathilde

Casa Mathilde

Eu diria que o tesouro da Casa Mathilde não está tanto em suas vitrines de doces como no fato de seu salão revelar-se um privilegiado observatório da cidade. Mas, convenhamos, umas queijadas e uns pastéis de nata recém-saídos do forno só podem deixar melhor o exercício de contemplação.

 

Casa Mathilde - Praça Antonio Prado 76 – Centro – São Paulo

www.casamathilde.com.br

por: Adriana em 22-10-2014
Constance, seus textos sempre ótimos e poéticos. Assim como você amo os doces portugueses e me decepcionei um pouco com a Casa de Mathilde, apesar de gostar de algumas coisas. Um dia destes, sem querer, encontrei numa doçaria chamada B.lem, que fica na Vila Nova Conceição. Doces portugueses maravilhosos. Estando por aqui, experimente o Pudim do Abade de Priscos. Uma coisa do outro mundo! Tem também uns pães de fermentação natural! Só provando! Bjs
por: Constance em 22-10-2014
Adriana, a B.lem está mesmo na minha lista para futuras visitas a São Paulo. Que bom saber que fazem pudim Abade de Priscos. É um dos meus doces favoritos.
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